quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Os gostos não se discutem


Ainda hoje é possível encontrar um elevado número de pequenos produtores de vinho, em toda a bacia mediterrânica, que afirmam: "O meu vinho é o melhor do Mundo"! E afirmam isso com toda a convicção e sinceridade, porque de acordo com os seus padrões de gosto não encontram nenhum outro vinho que faça sombra ao seu!  Para o apreciador de vinhos esta atitude pode parecer estranha ou entendida com um chauvinismo exagerado, mas de facto, não é, tendo a sua razão de ser.  Como esses pequenos produtores só bebem, durante toda a vida, o seu próprio vinho, acham estranho outro qualquer que metam à boca.
Por outras palavras, as suas bases de referência, ou o seu sentido crítico, é muito limitado.

Algo parecido ocorre com os habitantes de um dada região vitícola, que preferem, quase invariavelmente, os vinhos da sua região aos vinhos de fora.  Um alentejano prefere, sempre, um bom tinto da sua terra. E um cidadão do Minho não troca o seu vinho verde tinto por outro vinho qualquer! Há um gosto cultural que é consequência dos padrões de referência criados pelos nossos hábitos de consumo.

Mesmo um verdadeiro enófilo, que anseia provar todos os vinhos do mundo, passa por um processo evolutivo.  Quando se inicia gosta de vinhos fáceis, exuberantes e aromáticos.  Só (muito) mais tarde, depois de provar inúmeros vinhos e de os discutir com os amigos (mais conhecedores), saberá dar valor a um vinho delicado, discreto e elegante!  Acontece-lhe exactamente o mesmo que acontece ao melómano assumido, que quando se inicia prefere as músicas que consegue trautear; que, mais tarde, já sabe dar valor a uma sinfonia, e ainda mais tarde, sabe reconhecer um amestro ou um músico virtuoso.


QUANTO MAIS EDUCAMOS OS NOSSOS SENTIDOS, ATRAVÉS DE SENSAÇÕES NOVAS E DA SUA INTERPRETAÇÃO, MAIS ENRIQUECEMOS O NOSSO SENTIDO CRÍTICO E MAIS PRAZER PODEMOS TER NA APRECIAÇÃO DE UM VINHO.

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